O Brasil que teremos sem o auxílio emergencial

A última parcela do auxílio emergencial está sendo paga neste mês. O benefício que, durante a pandemia do novo coronavírus, ajudou a reduzir a pobreza em até 27% no Brasil e foi uma das principais molas para o crescimento econômico recorde de 7,7% no terceiro trimestre, agora, é mais um ponto de incertezas para o começo de 2021. Sem definição quanto à continuidade da política social e se, caso seja mantida, caberá no orçamento do próximo ano, o País corre o risco de levar a desigualdade de volta ao patamar dos anos 1980.

O alerta é do estudo feito pelo sociólogo Rogério Barbosa, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). De acordo com o pesquisador, sem os benefícios pagos pelo Governo Federal, o índice de pobreza, situação de quem recebe até um terço do salário mínimo (hoje, R$ 348), poderá disparar e alcançar 24%, ou seja, quase um quarto da população nacional.

Apesar da retomada da atividade econômica no último trimestre e da recuperação gradativa no saldo dos empregos formais, que em outubro chegou a 46,4 mil vagas no Ceará e 394 mil no País, os números mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a outubro, mostram que os avanços obtidos nos últimos meses já começaram a ser corroídos.

Pessoas vivendo na pobreza

Levantamento feito pelo economista Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), com base na Pnad Covid, mostra que se, em agosto, haviam 38,7 milhões de pessoas vivendo na pobreza, em setembro, esse número saltou para 47,3 milhões. A proporção da população brasileira vivendo nesta condição cresceu no período, de 18,34% para 22,41%.

Já o quantitativo de pessoas que viviam na extrema pobreza, que era de 5,1 milhões, o equivalente a 2,4% da população, subiu para 9,2 milhões, 4,4%, na passagem de agosto para setembro. Justamente, o mês em que o valor do auxílio emergencial foi reduzido à metade, saindo da média de R$ 600 para R$ 300. Além disso, a inflação também vem acelerando nos últimos meses, o que contribui com a redução do poder de compra da população.

“Nos meses de outubro, novembro e dezembro, ainda vamos ver novas quedas em razão da redução do auxílio. Mas, em janeiro, teremos o cenário mais dramático, com piora significativa dos indicadores sociais, porque o Bolsa Família voltará ao valor original e o que veremos é um aumento da desigualdade”, afirma Daniel Duque.

Reportagem especial do o povo

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