O Sindicato dos Policiais Penais do Estado (Sindppen) tem denunciado casos de assédio moral contra policiais penais no sistema penitenciário cearense, o que viria a se somar ao sobrecarregamento de funções. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) rebate dizendo que o Sindppen “nunca apresentou um fato concreto ou nomes de pessoas que tenham cometidos tais atos apontados” e que repudia quaisquer “atos de ilegalidade” contra policiais penais.
No último sábado, 20, o Sindicato realizou uma Assembleia Geral Extraordinária que, entre os temas abordados, denunciou o tratamento dado aos policiais penais. Também foi debatido o Regime Disciplinar dos Policiais Penais votado na Assembleia Legislativa do Estado, que, segundo afirmam, tornaria ainda mais discricionária a situação. O trâmite em regime de urgência também foi criticado, já que não permitiria ouvir a categoria. Na terça-feira, 16, o sindicato já havia realizado protesto em frente à Assembleia em repúdio ao novo Regime Disciplinar. Apesar de emendas e modificações no regime sugeridas pelo sindicato terem sido feitas, a entidade diz que irá acionar o Ministério Público para impedir a sanção do código.
Casos recentes de suicídios entre policiais penais agravam as críticas. Entre 6 e 14 deste mês, três policiais penais tiraram a própria vida, casos ocorridos em Pacatuba, Aquiraz e Granja. Em Pacatuba, antes do suicídio, o policial matou um colega. Os episódios têm sido mencionados pelo Sindicato para ilustrar o suposto cenário de abusos. Entre as palavras de ordem da manifestação da Assembleia estavam queixas contra o assédio. A saída do secretário Mauro Albuquerque também foi pedida.
Conforme o vice-presidente do Sindppen, Daniel Mendes, há uma “falta de empatia” da atual gestão para com os policiais penais. “Do que adianta disponibilizar para o trabalhador psicólogo, mas fazer com que ele trabalhe em um ambiente insalubre? Direto trabalhando com pessoas que o estão massacrando, ameaçando, cortando seus extras, suas permutas?”, questiona ele.
Em nota, a SAP listou ações para garantir a saúde mental dos policiais. Foi informado que cada unidade prisional disponibiliza um psicólogo, assim como há seis psicólogos de atendimento terapêutico na sede da Secretaria, dois psiquiatras e ambulatório exclusivo aos agentes no Hospital Mental de Messejana. Também há um plantão psicológico via whatsapp ou telefone com funcionamento 24 horas nos sete dias da semana.
Por o povo