Mãe presa após morte de filha de 2 anos diz não ter denunciado companheiro por medo

Em Campo Grande (MS), é difícil encontrar alguém que não tenha ouvido falar da morte de Sophia de Jesus O campo, de 2 anos e 7 meses, vítima de espancamento, segundo o atestado de óbito, no final de janeiro deste ano.

A Justiça tornou réus o padrasto, sob acusação de homicídio qualificado e estupro de vulnerável, e a mãe da criança, sob a acusação de homicídio doloso (intencional) por omissão. Os dois tiveram a prisão preventiva decretada em 27 de janeiro, um dia após a morte de Sophia.

Em entrevista à Folha, a mãe, Stephanie de Jesus da Silva, 24, afirmou que “poderia ter denunciado antes, poderia ter recorrido à Justiça”, mas tinha medo de uma eventual reação do padrasto, Christian Campoçano Leitheim, 25.

Segundo o inquérito, Christian agrediu Sophia várias vezes até ocasionar “uma lesão fatal por motivo fútil”. “[Ele] era corriqueiramente agressivo e extremamente violento com a criança”, diz o documento, que atribui ainda ao padrasto a violência sexual contra a menina.

Christian diz ser inocente das acusações. Segundo seus advogados, não há provas das agressões.

Quanto às mensagens a que a Polícia Civil teve acesso, em que Christian diz a Stephanie ter dado “uma surra” na menina, a defesa afirma que se trata de “expressões usuais, comum em conversas informais e pessoais ocorridas em momentos distintos entre o casal”.

O pai de Sophia, Jean Carlos O campo, denunciou, ao menos cinco vezes em cerca de um ano, que sua filha vinha sendo agredida. Ele foi duas vezes à Polícia Civil, duas ao Conselho Tutelar e uma à Defensoria Pública. No fim, nenhum dos órgãos agiu, e a Justiça arquivou uma ação, após pedido do Ministério Público.

Jean e Stephanie se separaram quando Sophia tinha três meses. Logo depois, ela foi viver com o namorado.

Stephanie e Christian criavam, além de Sophia, outras duas crianças: um menino de 4 anos, filho dele, e uma menina de 7 meses, filha dos dois. Hoje, elas moram com a mãe de Christian –não há indícios de que tenham sido abusados.

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