Em seis anos, o Ceará registrou 32 chacinas, sendo 2018 e 2021, com o maior número de casos. O ano de 2021 foi marcado pela ocorrência de sete chacinas no Estado, maior número registrado no Ceará desde 2018.
Os últimos anos ficaram conhecidos como a “Era das Facções”, ou a “Era das Chacinas”,crimes com quatro ou mais mortos ocorridos no Estado desde 2015, conforme levantamento feito pelo jornal O POVO.
O período coincide com o avanço das facções do Sudeste, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), no Ceará, assim como o surgimento da facção cearense Guardiões do Estado (GDE). Neste ano, todas as chacinas cujas autorias e motivação foram identificadas tiveram como o pano de fundo o conflito entre grupos criminosos.
Essa nova configuração do crime organizado no Estado provocou uma mudança nas dinâmicas de assassinatos no Ceará, aponta o sociólogo César Barreira, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará. Até a metade do século passado, observa ele, a maior parte dos conflitos violentos estava ligada a questões agrárias. Outro espaço de conflito, lembra o pesquisador, eram as disputas políticas. Na virada do século, entram em cena as gangues e, depois, as facções, trazendo consigo a guerra por territórios no contexto da disputa pelo monopólio do tráfico de drogas e de armas.